sábado, 3 de abril de 2010

Método Quantitativo e Qualitativo

Os diferentes paradigmas da investigação apontam para diferentes metodologias. Apresenta-se os métodos qualitativos e quantitativos de investigação.
O paradigma quantitativo baseia-se no positivismo de Augusto Conte: “Existe uma realidade objectiva que o investigador tem de ser capaz de interpretar objectivamente; cada fenómeno deverá ter uma só interpretação objectiva e científica” (Fernandes, 1991:65).

Enquanto a metodologia qualitativa, associada ao paradigma naturalista se baseia no idealismo de Kant: “não existe uma só interpretação objectiva da realidade. Admitem-se interpretações quanto aos indivíduos que a pretendem interpretar.”A unidade do ser humano impede que o todo possa ser reduzido à soma das partes” (Moreira, 2007: 35).

O paradigma positivista pode definir-se como: “o estudo da realidade social utilizando o enquadramento conceptual, as técnicas de observação e medição, os instrumentos de análise matemática e os procedimentos de inferência das ciências naturais” (Moreira, 2007:24). O acto de conhecer está condicionado pelas circunstâncias sociais e culturais e pelo quadro teórico em que se situam. O positivismo moderno defende “a natureza provisória do conhecimento científico e o condicionamento teórico sobre a observação perde certezas mas não repudia o fundamento empirista (Moreira, 2007). Neste modelo: “a selecção aleatória dos sujeitos é obrigatória”, a amostra tem dimensão adequada e representativa da população e os instrumentos de recolha de dados são predefinidos idealmente.
Para a análise dos dados recorre-se a técnicas estatísticas como análise da co-variância para obtenção de grupos experimentais e de controlo e à “ formulação e testagem de hipóteses” através da análise da variância e variância multivariada” (Fernandes, 1991:64). O investigador parte do conhecimento teórico existente ou de resultados empíricos anteriores atendendo a que a teoria antecede o objecto de investigação. As hipóteses surgem da teoria e são formuladas com a maior independência possível em relação aos casos concretos a estudar. São operacionalizadas e testadas face a novas condições empíricas seguindo o esquema:

Teoria - Hipóteses - Operacionalização - Amostragem - Recolha de dados Interpretação dos dados - Validação - Corroboração ou infirmação de hipóteses.

Segundo Bogdan (1994) as origens antropológicas da investigação qualitativa em educação datam de 1898. As preocupações antropológicas eram o papel do professor, da escola enquanto organização, num quadro de rápidas alterações, nos EUA. No entanto a sociologia da Educação vai aparecer um pouco mais tarde, no inicio do século XX, na Escola de Chicago quando o paradigma que estava no auge era o da quantificação. ” …a preocupação constante com as ciências naturais e com a avaliação quantitativa subiu de tom (…) será a sociologia da educação uma ciência ou poderá vir a transformar-se em ciência? Para se tornar ciência …tinha de ser experimental.” (Bogdan:29). Regista-se nesta época uma preocupação com a mensuração, quantificação e previsão, enquanto diminuem as estratégias qualitativas, a utilização de documentos pessoais, bem como as preocupações com o contexto social (Peter, 1937, citado por Bogdan: 30).

A investigação qualitativa adopta métodos qualitativos de recolha de dados baseados na observação da realidade, num determinado contexto. Utilizando métodos de pesquisa como: entrevista, observação participante, história de vida, testemunho, análise do discurso, estudo de caso, entre outros. O termo qualitativo pressupõe grande interacção com pessoas, realidades contextualizadas e vividas que constituem o objecto de pesquisa, para se obter "significados visíveis e latentes que somente são perceptíveis a uma atenção sensível" (Chizzotti, 2003).


Bogdam, R. & Biklen, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Porto: Porto Editora.
Moreira, C. (2007). Teorias e Práticas de Investigação. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais e Políticas.
Fernandes, D. (1991). Notas sobre os paradigmas de investigação em educação. Revista
Noesis, nº18.
Chizzotti, A. (2003) A pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais: evolução e desafios. Rev. Potuguesa de Educação, Universidade do Minho. http://redalyc.uaemex.mx/pdf/374/37416210.pdf (acedido em 3 de Abril de 2010).

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