sexta-feira, 16 de julho de 2010

Investigação Educacional – Reflexão Final



“Partindo do pressuposto de que o estudante ao longo do seu percurso pessoal elaborou notas das leituras, realizou pesquisas pessoais, analisou as contribuições dos colegas, alargou os seus conhecimentos e reflectiu sobre o seu progresso, cada estudante deverá estruturar e apresentar um portfólio”.

Foi criado e construído este Portefólio, na blogosfera, onde se fizeram cerca de 20 entradas, sobre as diferentes temáticas. Julga-se que cada entrada constituiu uma evidência do trabalho pessoal em cada um dos momentos ao longo de todo o percurso da Unidade Curricular. A Professora Alda Pereira sugeriu e foram aceites e desenvolvidos os seguintes tópicos:
(1) O processo de investigação, o problema e as questões de investigação;
(2) Sínteses de leituras efectuadas no âmbito de uma possível temática para investigação a desenvolver no 2º ano do mestrado;
(3) Reflexão sobre a revisão da literatura efectuada (abrangência, extensão, profundidade);
(4) O papel do investigador (observação participante e não participante);
(5) Métodos de recolha de dados; vantagens e inconvenientes; relação com as questões de investigação;
(6) A investigação-acção;
(7) Modos de análise e interpretação dos dados; sua relação com o quadro conceptual da investigação;
(8) A ética do investigador em Educação;
(9) Reflexões sobre as actividades e discussões em que participou;
(10) Reflexão e análise do percurso realizado e avaliação do mesmo.

Julga-se que este Portefólio reflecte, de modo muito claro:
(1) Domínio dos conceitos abordados na unidade curricular;
(2) Capacidade de reflexão e de análise crítica sobre as suas aprendizagens;
(3) Capacidade de reflexão e de análise crítica sobre as discussões realizadas nos fóruns;
(4) Diversidade das entradas tendo em conta os temas abordados;
(5) Relevância da pesquisa pessoal efectuada, tendo em conta os temas programáticos e futuras aplicações das leituras aquando da elaboração da dissertação (no próximo ano lectivo;
(6) Correcção das referências bibliográficas.

Ao longo da Unidade Curricular Investigação Educacional, considere-se ainda que:

1. A minha participação procurou sempre contribuir com intervenções que mostram que houve identificação das ideias centrais nos documentos fornecidos e na bibliografia indicada, bem como em outros suportes pesquisados livremente. As evidências encontram-se nos diferentes fóruns da Unidade Curricular abertos quer pela Professora, por outros colegas ou por mim como dinamizadora da Equipa Azul.

2. Houve, sistematicamente, um aprofundamento das questões com contributo de novos pontos de vista e com comentários dos pontos de vista dos colegas.

3. Procurou-se sempre a apresentação de ideias, fruto de pesquisa pessoal, que se foram inserindo nos temas em discussão e que contribuíram para a progressão das diferentes discussões realizadas ao longo das temáticas abordadas. Para tal desenvolveu-se um intenso trabalho de consulta bibliográfica, de toda a informação colocada pela Professora e de todas as participações dos colegas.

4. Manteve-se sempre postura ética nos diálogos com os colegas, contribuindo para a coesão do grupo, com intervenções adequadas aos diferentes contextos de aprendizagem.

5. Houve sistematicamente empenhamento na dinamização da participação dos colegas, procurando valorizar e centrar a discussão nas temáticas e situações propostas.

6. Revelou-se espírito crítico, revendo-se as opiniões e apreciações próprias face a comentários dos colegas e Professora. Quero referir a revisão da atitude face à investigação-acção. Face a aquisição de novo conhecimento, publiquei a minha mudança de atitude face a esta forma de investigação.

Pode concluir-se que o presente Portefólio, sob a forma de Blogue evidencia:
- Empenhamento demonstrado na realização das actividades;
- Capacidade de selecção e análise da informação relevante para as actividades desenvolvidas ao longo da Unidade Curricular;
- Capacidade de colaboração com os colegas demonstrada na realização das actividades;
- Capacidade de reflexão e de síntese demonstrada pela mestranda.

Tema 5 – Questões Éticas na Investigação Educacional (Reflexão)



As competências a desenvolver neste tema prendem-se com a adopção de uma postura ética na actividade de investigação. Esta actividade desenvolveu-se sob a forma de discussão em fórum, moderada pelos estudantes. Foi feito, aqui também, uma exploração de todos os recursos indicados pela Professora, além de outras fontes de pesquisa conseguidas em pesquisa livre na internet. A discussão foi muito rica e participada, todos saímos mais robustos, mais seguros.

Em jeito de conclusão, coloca-se um pequeno excerto do fórum livre referente a Bogdan & Biklen onde surge uma frase elucidativa quanto à importância que o conceito de “ética” pode e deve assumir junto de profissionais: “Nada pode ser mais devastador para um profissional do que ser acusado de uma prática pouco ética”. E continuam: “(…) a ética consiste nas normas relativas aos procedimentos correctos e incorrectos por determinado grupo”. No que diz respeito à investigação com seres humanos, aqueles autores (1994:75) consideram ser de realçar dois aspectos, que deverão assegurar que:

“1. Os sujeitos aderem voluntariamente aos projectos de investigação, cientes da natureza do estudo e dos perigos e obrigações nele envolvidos.
2. Os sujeitos não são expostos a riscos superiores aos ganhos que possam advir”.
Ou seja, o cumprimento de dois princípios: que quem participe tenha consciência e conhecimento do que se pretende e que, por outro lado, esteja sempre garantida a sua integridade física, psicológica e moral.

Tema 4 – Análise e Tratamento de Dados(Reflexão)



Para esta temática as competências a desenvolver são: 1) Seleccionar a informação relevante para os fins em vista; 2) Seleccionar técnicas de investigação; 3) Analisar criticamente modos e técnicas de recolha de dados.
Assim sendo, de 18 a 26 Maio, as actividades desenvolvidas foram, num primeiro momento, estudo individual sobre as técnicas de análise quantitativa de dados e a análise de uma das dissertações já trabalhadas, “Setúbal, as TIC e o ensino de inglês: atitudes dos professores”, no tratamento de dados do questionário usado pela investigadora. Tanto esta actividade como a seguinte constituíram-se como aquelas em que se colocaram mais dúvidas, o que permitiu que, sob orientação preciosa da Professora, se fizesse uma importante fase de aprendizagem e de crescimento profissional.
Num segundo momento, de 27 de Maio a 4 de Junho, fez-se estudo individual sobre as técnicas de análise quantitativa de dados e análise de uma das dissertações já trabalhadas, “Processos de Liderança e Desenvolvimento Curricular no 1º Ciclo do Ensino Básico: Estudo de Caso”, nomeadamente o tratamento de dados da entrevista. Posteriormente, de 7 a 14 de Junho, fez-se a discussão em fórum geral sobre as técnicas analisadas. Considera-se que foi um debate muito rico e participado, constituindo-se como um importante momento de desenvolvimento das competências preconizadas. Constituiu-se como marco de referência para futura investigação no campo da educação. Foram feitas entradas neste blogue que evidenciam o empenhamento colocado nesta importante fase de aprendizagem.

domingo, 11 de julho de 2010

Tema 3 – O Processo de Recolha de Dados – Entrevista (Reflexão II)


A quarta actividade realizada em equipa (Equipa Azul) constou de um trabalho colaborativo de grande importância - Construção de um Guião de Entrevista. Os objectivos propostos para esta actividade eram os seguintes:

1-Reflectir sobre a relação entre o uso da entrevista e os objectivos da investigação;
2-Analisar as vantagens e desvantagens da utilização da entrevista enquanto técnica de recolha de dados;
3-Reflectir sobre a construção do guião da entrevista, assim como os procedimentos a adoptar na sua aplicação.
Depois da consulta da bibliografia em referência, a Equipa Azul partiu para o debate da temática e posterior construção do referido guião. Foi um debate muito participado e o guião de entrevista constitui-se como prova desse trabalho colaborativo.
Destaque-se como principais pontos a ter em conta na construção de um guião de entrevista:

- Os objectivos da investigação;
- Os diferentes tipos de entrevista a aplicar;
- Critérios a adoptar na escolha dos entrevistados;
- As medidas a considerar antes, durante e depois da entrevista;
- Principais métodos de análise do material recolhido.

Referiram-se ainda as vantagens e desvantagens da recolha de dados através da entrevista. Fez-se também a discussão orientada de uma tese de mestrado "Processos de Liderança e Desenvolvimento Curricular no 1º ciclo do ensino básico: um Estudo de Caso", da autoria de Eva Filipa Marinho Direito dos Santos, com a justificação do uso desta técnica e dos procedimentos adoptados pela investigadora.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Tema 3 – O Processo de Recolha de Dados (Reflexão I)


No tema 3 os grandes objectivos enunciados pela Professora Alda foram os seguintes:
1- Reflectir sobre a relação entre a utilização de um questionário e os objectivos investigação;
2- Analisar vantagens e desvantagens da utilização do questionário como técnica de recolha de dados;
3- Reflectir sobre os passos determinantes e sobre os cuidados a ter em conta na construção de um questionário com qualidade.
Para a consecução destes objectivos fez-se uma intensa consulta bibliográfica, a análise atenta e cuidada da dissertação de mestrado “Setúbal, as TIC e o Ensino de Inglês: Atitudes dos Professores”, de Conceição Brito, atendendo a que a metodologia privilegiada por esta investigadora se baseou na aplicação e tratamento de questionário para a recolha de dados da sua investigação.
Foi ainda elaborado em Equipa Azul um trabalho colaborativo “Planeamento de Um Questionário” que posteriormente foi colocado em fórum alargado e comentado bem como todos os outros trabalhos elaborados por todas as outras equipas, num vivo debate dos trabalhos e ideias apresentadas. Mais uma vez se deve referir a importância desta partilha para a construção de conhecimento.
Em síntese, pode-se referir algumas ideias que importa sublinhar. O trabalho de investigação com base na elaboração de um questionário oferece um conjunto de vantagens, de entre as quais podemos destacar, o facto de as respostas por escrito serem menos embaraçosas para os inquiridos em determinadas situações, poder proporcionar uma maior rapidez na recolha e análise de dados, ser aplicável a uma grande amostra e como tal permitir a generalização das conclusões, bem como a grande aceitabilidade pelos públicos-alvo.
O inquérito é um instrumento privilegiado na recolha de dados sempre que a investigação tem necessidade de obter informação sobre uma grande variedade de comportamentos de um individuo ou grupo e cuja observação directa pode ser impossível, até por se reportar ao passado. Por questões éticas e deontológicas, o inquérito apresenta-se como uma forma de ultrapassar algumas dificuldades, nomeadamente quando está em causa alguma intimidade dos informantes.
É também muito eficaz quando a investigação necessita de registo de opiniões, preferências e outras que têm de ser expressas pelos próprios. Revela-se muito útil quando os dados que interessam à investigação são algo de interesse geral mas que se produz num dado momento e sociedade e pode ser expresso por um conjunto de indivíduos inquiridos.
Contudo, estão-lhe também associadas algumas desvantagens: dificuldades ao nível da concepção, o perigo de generalizações erradas se a população-alvo não for representativa do universo em estudo, a possibilidade de ocorrerem erros no tratamento de dados que comprometam a investigação e haver uma elevada taxa de não respostas.
A concepção de um questionário deve atender a algumas considerações antes, durante e depois da sua aplicação. Assim, a aparência estética de um questionário é um aspecto importante funcionando como marketing para o respondente. O “layout” do questionário deve ser claro e atraente de modo a persuadir o respondente. O questionário deve ser curto, claro e com espaços adequados entre as perguntas. As questões devem ser de tal modo claras que não podem oferecer qualquer dúvida ou embaraço ao inquirido. E por fim, deve referir-se o facto desta metodologia de recolha de dados ser uma entre muitas possíveis a integrar numa investigação. O cruzamento de informações e a recolha de vários processos pode enriquecer a investigação.



Carmo, F. & Ferreira, M. (2008): Metodologia da Investigação - Guia para Auto-aprendizagem.2ªed. Lisboa: Universidade Aberta
Ghiglione, R; Matalon, B. (1992). O Inquérito, Teoria e Prática. Oeiras: Celta Editora.
Hill, M. & Hill, A. (2005). Introdução à Investigação. Lisboa: Adições Sílabo, Lda

Tema 2 - A Investigação-acção em Educação (Reflexão I)



A Professora Alda Pereira abriu esta temática colocando em fórum uma importante síntese sobre o conceito de investigação-acção, onde sublinhou, com Kemmis e Mctaggart, que fazer este tipo de investigação é planear, actuar, observar e reflectir mais cuidadosamente, mais sistematicamente e mais rigorosamente do que se faz na vida diária. Apontando como características fundamentais da investigação-acção o dizer respeito a um problema ou situação real, a intervenção ser situada no contexto onde esse problema é vivenciado, ser realizada pelos próprios intervenientes na acção, pretender contribuir para a mudança e englobar obrigatoriamente um percurso que combina a reflexão com a acção, num processo dialéctico, sistemático e contínuo.
Os desafios colocados pela Professora foram os seguintes: 1- Reflectir sobre a relação entre o método de investigação-acção e a posição pessoal do investigador. 2- Reflectir sobre as vantagens e desvantagens deste método de investigação. 3- Reflectir sobre os passos determinantes deste método.
Foi realizada uma síntese do texto em referência que constituiu uma entrada neste blogue. Fez-se uma participação muito viva e esclarecedora desta forma de investigação educacional. Fez-se ainda a discussão da dissertação de mestrado de "Projecto Mais - Educação para a Sexualidade Online" de Arménio Martins Fernandes, cujo paradigma investigativo se prende com a Investigação-acção.

Richard Donato, Universidade de Pittsburgh em
http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=219466 (Acedido em Abril de 2010)

Tema 1- O Processo de Investigação (Reflexão II)



Os trabalhos desenvolvidos neste primeiro tema foram da responsabilidade de cada uma das equipas depois de um fórum de discussão em grupos separados.
A Equipa Azul, onde desenvolvi todo o trabalho em pequeno grupo, apresentou o seu Guião de Investigação depois de um vivo debate entre todos os seus membros. A proposta de guião foi no sentido de uma investigação educacional no paradigma qualitativo ou misto. A Equipa Verde apresentou uma proposta de guião onde expressam a intenção de um Estudo de Caso; a Equipa Laranja refere no seu guião a intenção de uma Investigação-Acção e, por último, a Equipa Amarela, sem o referir directamente, desenvolve um trabalho onde apresenta um guião com grande desenvolvimento para o paradigma quantitativo.
Em síntese, atendendo a que as equipas trabalharam em fóruns separados e com grupos ocultos, permitiu-se que houvesse a produção de trabalhos bastante diversos e que uma vez discutidos em fórum alargado proporcionaram um enorme enriquecimento de todos. Se por um lado cada trabalho se restringiu a um paradigma, e isso foi criticado negativamente pela Professora Alda Pereira, por outro lado ao partilharmos e discutirmos os trabalhos, no seu conjunto, ficou-se com uma visão alargada que muito contribuirá para o desenvolvimento da tese pessoal de mestrado, a desenvolver no próximo ano lectivo. Obrigada a todos pelo trabalho colaborativo e pela partilha!

Tema 1- O Processo de Investigação (Reflexão I)



A primeira actividade desenvolvida nesta Unidade Curricular de Investigação Educacional do Mestrado de Supervisão Pedagógica teve como principal objectivo planear uma investigação e decorreu entre o dia três e o dia trinta de Março de 2010. O desafio proposto pela Professora Alda Pereira desenvolveu-se em quatro fases:
1º Momento - Exploração individual de recursos bibliográficos e webgráficos apresentados na disciplina, bem como de tantas outras fontes que se podem consultar neste mundo disperso da Web, na tentativa de responder às questões colocadas pela Professora e que balizaram o estudo e a reflexão. Foram as seguintes questões propostas e trabalhadas nesta actividade:
1- Que paradigmas se podem identificar na Investigação educacional? Como os caracterizar?
2- Que métodos de investigação estão em regra associado a cada um destes paradigmas?

Em síntese reflexiva deve referir-se que a investigação se encontra associada a diferentes paradigmas que se distinguem pelo modo de produção de conhecimentos e dos processos de investigação, pressupondo uma correspondência entre epistemologia, teoria e método, sendo que a distinção se faz essencialmente ao nível do método. Cada método está ligado a uma perspectiva paradigmática distinta.
Podem referir-se dois paradigmas ligados aos métodos quantitativos e outro ligado aos métodos qualitativos e assim avançamos com o Paradigma Quantitativo e o Paradigma Qualitativo.

2º Momento – Foi explorada a tese de Mestrado “ As TIC no Jardim de Infância: Contributos do Blogue para a Emergência da Leitura e da Escrita, de Ádila Ferreira Lopes, tendo havido uma entrada neste blogue relativa a esta análise.

3º Momento – Fez-se um trabalho em Equipa subordinado ao tema “ Guião de Investigação”. Tomei a iniciativa de formar a Equipa Azul que ficou constituída com a entrada da colega Julieta Cordas, Felícia Figueiredo e Manuela Pereira.
Em fórum da Equipa Azul fez-se a caracterização das diferentes fases da investigação; Reflectiu-se sobre as diferentes etapas do processo de investigação e sobre as competências exigidas ao investigador nos diferentes momentos da investigação. Foi uma fase de grande enriquecimento pessoal e profissional. Será pedida autorização às suas co-autoras para a publicação deste trabalho neste espaço.

4º Momento - Procedeu-se à apresentação em fórum alargado dos Guiões elaborados por todas as equipas, ao que se seguiu uma discussão dos referidos trabalhos e temática. Esta discussão foi de grande partilha de conhecimentos e de grande discussão desta temática. Obrigada a todos pelo trabalho colaborativo e de partilha de saberes.

A Ética na Investigação



O investigador encontra-se numa posição de relacionamento em várias vertentes: a) uma relação com o conhecimento científico; b)uma relação com os assuntos a que a investigação diz respeito; c) uma estreita relação com todos os participantes na investigação. Qualquer investigação obriga o investigador a observar um conjunto de princípios éticos, apresentam-se em seguida alguns princípios basilares de qualquer tipo de investigação.

1- Respeito e garantia dos direitos de todos os participantes no processo de investigação.

2- Garantia da informação aos participantes sobre todos os aspectos, positivos ou negativos, da investigação.

3-Manutenção de relações de honestidade com os participantes, nomeadamente com a indicação dos objectivos e consequências da investigação.

4- Aceitação das decisões dos participantes de não querer colaborar na investigação ou de desistir em qualquer ponto do processo.

5- Explicação prévia de todas as responsabilidades partilhadas durante a investigação.

6-Protecção de todos os participantes de quaisquer danos ou prejuízos físicos, morais e profissionais, no decurso da investigação ou que se possa desenvolver posteriormente.

7- Informação dos participantes dos resultados da investigação, sempre que tal seja importante ou requerido.

8- Garantia da confidencialidade e da manutenção do anonimato em todo o processo.

9- Autorização das instituições a que pertencem os participantes para a colaboração no estudo.

10 - Apresentação rigorosa de todas as fontes utilizadas.

11- Fidelidade aos dados recolhidos e dos resultados, bem como de todo o processo desde a intenção da investigação até à comunicação e publicação de resultados.


12- Manutenção da Neutralidade e da Imparcialidade em todo o processo investigativo.

Carmo, H. & Malheiro, M.F. (2008). Metodologias da Investigação. Universidade Aberta.

Análise Qualitativa de Dados



Os Dados Qualitativos e Seu Armazenamento

Os investigadores qualitativos geralmente transcrevem os seus dados, ou seja, os diferentes tipos de texto, a partir de entrevistas, notas de observação, memorandos e outros em processadores de texto. Trata-se de transcrições que são posteriormente analisados, podendo ser através de um dos programas de análise qualitativa de dados por computador.

Codificação e Desenvolvimento de Sistemas de Categorias de Dados

Esta é a etapa importante da análise qualitativa dos dados onde se lêem os dados transcritos, linha por linha, e se dividem os dados em unidades de significado analítico, por segmentos. Quando se localizam segmentos significativos, atribuem-se-lhe códigos.
A codificação é definida como a marcação dos segmentos de dados com símbolos, palavras descritivas, ou nomes de categoria. Sempre que se encontrar um segmento significativo do texto em transcrição, atribui-se um código ou nome da categoria para significar determinado segmento. Continua-se este processo até que se tenha segmentado todos os dados. Durante a codificação, deve-se manter uma lista mestra, ou seja, uma lista de todos os códigos que são desenvolvidas e utilizadas no estudo de investigação.

Não se pode ficar surpreendido se os resultados são diferentes de outros investigadores ou de outra investigação, a investigação qualitativa é muito mais um processo interpretativo!

A pesquisa qualitativa é mais defensável quando são usados vários programadores e quando são obtidas elevadas confiabilidade de codificadores. A confiabilidade refere-se a coerência entre os diferentes codificadores ou dentro de um único programador, no caso da confiabilidade interna.

Códigos Indutivos a priori

Há muitos tipos diferentes de códigos que são comummente usados em análise qualitativa dos dados. Pode-se decidir usar um conjunto de códigos já existentes, são chamados de códigos a priori, desenvolvidos antes de examinar os dados. Podem usar-se ainda os chamados códigos indutivo, são códigos que são desenvolvidos pelo investigador directamente da análise dos dados.
Códigos de Co-ocorrência, quando o mesmo segmento de dados começa a poder ser codificado com mais de um código, por outras palavras, as mesmas linhas ou segmentos de texto podem ter mais de um código que lhes são inerentes.

Depois da codificação inicial de dados, resumem-se e organizam-se os dados, agora submetidos a esta codificação. A próxima etapa será resumir os resultados incluindo processos como a enumeração e o estabelecimento de relações entre os dados.
A enumeração é o processo de quantificação de dados, muitas vezes feita em investigação qualitativa. Por exemplo, pode contar-se o número de vezes que uma palavra aparece num documento. A enumeração é muito útil para clarificar as palavras que se querem usar em relatório, como "muitos", "alguns", "nenhuns", "quase todos", e assim por diante. Os números ajudarão a esclarecer o que se quer dizer com frequência.
Durante a leitura de "números" na investigação qualitativa, deve-se sempre verificar a sua base. Por exemplo, se uma palavra ocorre muitas vezes e a base é o número total de palavras em todos os documentos de texto, então a razão pode ser que muitas pessoas usaram a palavra ou pode ser que apenas uma pessoa usou a palavra muitas vezes. O significado da ocorrência é diferente.

Sistemas hierarquizadas de categorias

Às vezes os códigos ou categorias podem ser organizadas em diferentes níveis ou hierarquias. Algumas palavras, ideias ou temas são mais gerais do que outros e, portanto, os códigos estão relacionados e hierarquizados verticalmente. Patton utilizou a estratégia do cruzamento de duas tipologias de uma dimensão para formar uma matriz de duas dimensões, resultando em uma nova tipologia que relaciona a duas dimensões.

Desenho de diagramas

Diagramação é o processo de fazer um esboço, desenho ou modelo para mostrar como algo funciona ou esclarecer a relação entre as partes de um todo. Existem vários tipos de diagramas que podem ser usados em pesquisas qualitativas. Um tipo de diagrama utilizado na pesquisa qualitativa, que é semelhante à utilizada na modelagem de diagramas causais é chamado de diagrama de rede. Este é um diagrama que mostra as ligações directas entre as categorias, variáveis ou eventos ao longo do tempo.
Também é útil para o desenvolvimento de matrizes para descrever dados. Uma matriz é formada por linhas e colunas. Desenvolver uma matriz é uma excelente maneira de mostrar relações nos dados qualitativos. Há muitos tipos de relações interessantes na investigação qualitativa e existem muitas maneiras diferentes de encontrar, descrever e apresentar os resultados em relatório de investigação qualitativa.

Corroborando e validação dos resultados.

Corroborando e validação dos resultados é um elemento essencial da análise de dados e do processo de pesquisa qualitativa. A confirmação e validação devem ser feitas durante toda a recolha de dados qualitativos, análise e processo de relatório. Há programas de análise qualitativa de dados que facilitam a maioria das técnicas, por exemplo, armazenamento e codificação, a criação de sistemas de classificação, enumeração, anexação de memorandos, relações entre dados e elaboração de gráficos.

http://www.qualitative-research.net/index.php/fqs/article/view/1089

terça-feira, 29 de junho de 2010

Análise Quantitativa de Dados



Segundo Carmo e Ferreira (2008:196), a utilização de métodos quantitativos está essencialmente ligada à investigação experimental ou quasi-experimental e que pressupõe a observação de fenómenos, a formulação de hipóteses explicativas, o controlo de variáveis, a amostragem, a verificação ou rejeição de hipóteses e, posteriormente, a análise estatística com utilização de métodos matemáticos para testar as hipóteses. Esta metodologia visa generalizar os resultados a uma determinada população e o estabelecimento de causa-efeito e a previsão de fenómenos.

Neste caso, os objectivos da investigação quantitativa consistem em encontrar relações entre variáveis, fazer descrições recorrendo ao tratamento estatístico de dados recolhidos e testar teorias.
Quer se trate de investigação experimental, quer se trate da caracterização estatística de uma determinada população (por inquérito ou entrevista estruturada), procede-se à selecção de uma amostra que deve ser representativa da população em estudo, para que os resultados possam ser generalizados a essa mesma população, o que implica a selecção aleatória dos sujeitos de investigação.
Para a testagem de hipóteses (verificação ou rejeição) existe uma grande variedade de testes, cuja eficácia é reconhecida, por exemplo o teste t, o teste de Mann-Whitney, a análise da variância (ANOVA) ou a análise da variância multivariada (MANOVA), entre os mais utilizados.
Uma das principais limitações de utilização dos métodos quantitativos em Ciências Sociais está ligada à própria natureza dos fenómenos estudados: complexidade dos seres humanos; estímulo que dá origem a diferentes respostas; grande número de variáveis cujo controlo é difícil ou mesmo impossível; subjectividade do investigador; medição que é muitas vezes indirecta (o caso das atitudes) e, por fim, o problema da validade e fiabilidade dos instrumentos de medição.

A Investigação Correlacional

O propósito de um estudo correlacional consiste em averiguar se existe ou não relação entre duas ou mais variáveis quantificáveis.
Variáveis cujo grau de correlação é forte podem estar na base de estudos causais- comparativos, experimentais ou quase-experimentais, estudos esses conduzidos com o objectivo de verificar se as relações existentes entre as variáveis são de natureza causal. Pode haver um grau de correlação forte entre duas variáveis sem que uma das variáveis seja “causa” da outra, podendo, neste caso, ser uma terceira variável a “causa” das duas variáveis que apresentam um grau de correlação forte.
A investigação correlacional apenas estabelece que há uma relação entre duas variáveis mas não estabelece uma relação causa-efeito. No entanto, o estabelecimento de uma correlação entre duas variáveis poderá ser utilizado na previsão dos valores de uma delas a partir do conhecimento dos valores da outra.
Um estudo correlacional não deve ser feito com um número de sujeitos inferior a 30. Além deste requisito, para se efectuar este tipo de estudo há cuidados precisos a ter: as relações entre as variáveis serem provenientes da teoria ou da experiência, supondo-se indutiva ou dedutivamente que existe relação entre ela; os dados recolhidos têm de ser precisos e válidos, sem os quais as conclusões poderão ser igualmente não válidos.
O grau de correlação entre duas variáveis é geralmente expresso como um coeficiente cujo valor varia entre 0.00 e + 1.00 ou -1.00. Duas variáveis que estão altamente correlacionadas apresentam um coeficiente perto de +1.00 ou de -1.00. No caso de não estarem correlacionadas apresentam um coeficiente de perto de 0.00.
A correlação pode ser classificada quanto ao sentido, em positiva e negativa. Uma correlação positiva indica que os sujeitos que obtiveram altos numa das variáveis também obtiveram valores altos na outra variável ou, inversamente, se obtiveram valores baixos numa variável também obtiveram valores baixos na outra variável. Uma correlação diz-se negativa quando os sujeitos obtêm valores altos numa variável a valores baixos na outra variável.
A correlação apresenta valores baixos quando não há relação entre duas variáveis, por exemplo a relação entra a altura do aluno e o se aproveitamento escolar.
Uma correlação positiva ou negativa representa um tipo de relação linear. Esta correlação pode ser apresentada através de diagramas de dispersão. A aglomeração de pontos faz-se em torno de uma linha recta imaginária, ou de linhas imaginárias curvilíneas.
A interpretação de um coeficiente de correlação depende da forma como vai ser utilizado, isto é, a sua utilidade. A sua interpretação é em termos de significância estatística. Diz-se que há significância estatística quando um determinado, sendo diferente de zero, reflecte uma verdadeira relação com um nível que representa a probabilidade com que a hipótese experimental possa ser aceite ou rejeitada ou aceite com confiança. Para determinar a significância estatística é necessário construir uma tabela de variância do coeficiente. Quando se estuda a totalidade dos elementos de uma população, o valor da correlação representa o grau de associação entre as variáveis consideradas, quer seja alto o baixo. As previsões são feitas baseando-se em coeficientes de correlação, quanto mais alta a correlação melhor previsão se pode fazer. O estabelecimento de uma correlação entre duas variáveis tem utilidade na previsão do valor de uma delas a partir do conhecimento dos valores da outra.

Investigação Experimental

O objectivo da investigação experimental é o estabelecimento de relações causa-efeito. O método experimental é descrito como aquele que é conduzido para rejeitar ou aceitar hipóteses relativas a relações de causa-efeito entre variáveis. O investigador manipula pelo menos uma variável independente e outras variáveis dependentes. Esta manipulação é a principal característica da investigação experimental. A variável dependente é a mudança ou diferença resultante da manipulação da variável independente. A variável dependente deverá poder ser medida.

As etapas da investigação experimental são basicamente as mesmas de outros tipos de investigação: definição de um problema, selecção de sujeitos e instrumentos de medida, escolha de um plano experimental, execução de procedimentos, análise dos dados recolhidos e formulações de conclusões. A experimentação é conduzida de modo a verificar uma ou mais hipóteses previamente definidas, que são verificadas ou aceites ou rejeitadas de acordo com os resultados da investigação.

Um plano experimental normalmente compreende dois grupos, o grupo experimental e o grupo de controle, no entanto, pode haver um só grupo. Ao grupo experimental será dado o tratamento daquilo que se quer medir, enquanto o grupo de controle não será administrado qualquer tratamento. No final do estudo pode-se retirar conclusões comparando o ponto de chegada dos dois grupos, o da experiência e o de controlo. Podendo referir-se que a diferença de comportamento da variável dependente se deveu à manipulação das variável independente. Só pode ser generalizado se tiver validade interna a investigação. Este controle é igualmente necessário para que se possam fazer generalizações.

O controlo das variáveis e a validade da investigação pode fazer-se através de planos factoriais. Estes permitem investigar uma ou mais variáveis, individualmente ou em interacção umas com as outras. Após uma variável ter sido estudada utilizando um plano com uma só variável, torna-se muitas vezes útil estudá-la em combinação com uma ou mais variáveis. Dado estes planos factoriais compreenderem uma ou mais variáveis, há um número quase infinito destes planos.

Outro processo semelhante de correlação entre variáveis é estudado pela investigação causal-comparativa. Um investigador tenta estabelecer relações de causa- efeito procedendo à comparação dos grupos. As diferenças residem no facto de na investigação experimental a variável independente (a causa) é manipulada e na investigação causal- comparativa não o é, porque já ocorreu. O investigador depois de observar que determinados grupos diferem relativamente a uma ou várias variáveis, procura investigar qual o factor ou factores que provocaram essa ou essas diferenças. Designa-se esta investigação por pos-facto, porque a causa e o efeito já ocorreram e são estudados em rectrospectiva.
Esta metodologia é muito utilizada em estudos de carácter sociológico ou educacional. As variáveis independentes num estudo causal comparativo são variáveis que não podem e não devem ser manipuladas.
Este tipo de estudo apresenta como desvantagem o não poder haver controlo e manipulação de variáveis independentes. As conclusões devem ser cuidadosas porque o que pode aparecer como causa, pode não o ser na realidade. As relações causa-efeito são ténues, não podendo haver correlações como no caso dos estudos experimentais, onde mais facilmente se manipulam variáveis.
Uns dos tratamentos estatísticos usados são a covariância e para as análises são muito utilizadas as medidas de tendência central, como a média, o desvio padrão e a mediana, além de outros. O tratamento de dados inclui frequentemente tabelas e gráficos para facilitar as investigações exploratórias dos dados e continuar o processo de verificação. As ferramentas informáticas oferecem tratamentos estatísticos através de gráficos que ajudam os investigadores a uma melhor leitura, validação e compreensão de dados recolhidos e tratados na investigação realizada.

Arquivo de dados e realização de ficheiros de dados

Os dados e programas a partir de um projecto de investigação devem ser arquivados de modo a que permaneçam seguros e possam ser reequacionados posteriormente.
Embora a cópia de dados de arquivo se faça no final da investigação, a forma como as informações serão transferidas para o arquivo deve ser cuidadosamente feito desde o início. O arquivo é mais do que um local de armazenamento permanente de arquivos usados para a análise. Ela deve dar acesso a todas as informações a partir da experiência ou projecto. Durante a fase operacional do projecto, as informações sobre a pesquisa é, em parte, o computador, em parte, do papel e outros registos.


Carmo, H. e Ferreira, M. (2008). Metodologia da investigação Guia para a Auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.

sábado, 15 de maio de 2010

A Entrevista e a Recolha de Dados em Investigação Educacional



1. Relação entre a aplicação da entrevista e os objectivos da investigação

Entenda-se a entrevista como uma conversação mais ou menos estruturada que pressupõe um indivíduo que questiona e outro que responde. No entanto, Valles (1999:178) citando Schatzman e Strauss, (1973) refere “ No campo, o investigador considera toda a conversação entre ele e outros como formas de entrevista…As conversas podem durar poucos segundos ou minutos, mas podem conduzir a oportunidades de sessões mais longas”.Este autor distingue a entrevista formal de uma mera conversa. A entrevista formal está orientada para os objectivos da investigação e caracteriza-se ainda por um conjunto de factores:

a) Na entrevista, a participação do entrevistador e do entrevistado conta com “expectativas explícitas” : um fala e o outro escuta;
b) O entrevistador anima constantemente o entrevistado a falar, sem o contradizer;
c) Para o entrevistado a responsabilidade de organizar e manter a conversação é do entrevistador (criando uma ilusão de fácil comunicação que faz parecer breves as sessões prolongadas).

Para que a entrevista seja o método escolhido para a recolha de dados, esta deve respeitar e potenciar os objectivos da investigação. A verificação dos dados fornecidos pelo entrevistado prende-se com a validade, a relevância, a especificidade, a profundidade e a extensão das respostas concedidas e registadas.
A validação faz-se normalmente por comparação com dados recolhidos noutras fontes, mas também pela relevância da relação da informação recolhida na entrevista com os objectivos da investigação. A especificidade dos dados fornecidos está ligada à clareza e objectividade dos mesmos, sendo que a profundidade está relacionada com as características físicas e intelectuais mostradas pelo entrevistado e, por fim, a extensão está directamente relacionada com a dimensão e características das respostas.

Uma investigação qualitativa está dependente de interpretações mais ou menos subjectivas, por isso deve reger-se por parâmetros que possam conferir-lhe rigor. Existem algumas formas de validar e dar o máximo de fiabilidade ao estudo, como por exemplo, a triangulação - encontrar convergência noutras fontes de informação, com diferentes investigadores ou diferentes métodos utilizados, com o feedback dos participantes no estudo e auscultação das suas opiniões relativamente aos resultados do estudo. Só os dados validados podem contribuir, sendo tomados em conta para a clarificação dos objectivos da investigação planeada.

2.Vantagens e desvantagens da utilização da entrevista enquanto técnica de recolha de dados

Em Investigação Educacional, a entrevista, como método de recolha de dados, será interessante em condições específicas. Opta-se geralmente pela entrevista quando o número de pessoas a inquirir é reduzido ou quando existem condições logísticas para a sua operacionalização.

Principais vantagens da recolha de dados por entrevista:

1- Há uma maior proximidade com a realidade a observar;
2- Tem-se a possibilidade de obtenção de certas variantes que podem escapar noutro tipo de recolha de dados, por exemplo, obtenção de dados de analfabetos ou pessoas de certo estatuto profissional (VIP);
3- Possibilita uma diversidade de questões e a sua adequação aos objectivos da investigação;
4- Favorece a eficácia das respostas: o entrevistador pode retomar as questões que eventualmente tenham sido mal percebidas;
5 - Permite que o entrevistador tenha um papel mais activo e interventivo na recolha de dados a investigar.

Principais desvantagens da recolha de dados por entrevista:

1- Pode haver má condução da entrevista e consequente recolha de dados indesejáveis;
2- A obtenção de demasiada informação com o consequente difícil tratamento, requerendo, normalmente, muito tempo para a transcrição, análise e sistematização da informação;
3 -Podem ocorrer enviesamentos provocados quer por uma actuação pouco cuidada do entrevistador, quer pelas respostas dos respondentes, que podem veicular apenas aquilo que é política e socialmente correcto;
4- Implica, normalmente, um custo elevado e grande disponibilidade de tempo;
5- Pode criar problemas de fiabilidade, atribuídas ao entrevistador, ao guião, à codificação das variáveis e, ainda, à escolha dos entrevistados participantes.

Bibliografia:

Carmo, H. & Malheiro, M.F. (2008). Metodologias da Investigação. Universidade Aberta.
Ghiglione, R, Matalon, B. (1994). O Inquérito: Teoria e Prática. Oeiras: Celta Editora
Valles, .M. (2000): Técnicas cualitativas de investigación social. Reflexión metodológica e práctica professional (2ª ed.). Madrid: Síntesis/Sociologia.
http://claracoutinho.wikispaces.com/investiga%C3%A7%C3%A3o+qualitativa+passos+fundamentais (acedido a 6-5-2010).
http://www.socialresearchmethods.net/kb/intrview.php (acedido a 6-5-2010).
http://fds.oup.com/www.oup.co.uk/pdf/0-19-874204-5chap15.pdf (acedido a 6-5-2010).
http://www.qualitative-research.net/index.php/fqs/article/view/1089 (acedido a 6-5-2010).

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O Questionário como instrumento de recolha de dados-II

Um estudo de investigação parte sempre da formulação de hipóteses?
Pode-se considerar estudos que não partem da formulação de hipóteses. Na linha da frente deste paradigma estão os estudos biográficos, as histórias de vida e os estudos exploratórios.

Bogdan (1994:93) refere que a possibilidade de elaborar um estudo de caso ou de uma história de vida é determinada pela natureza do sujeito potencial. O investigador encontra uma pessoa que o impressiona como sendo alguém interessante e resolvem prosseguir o estudo. Este autor considera também os estudos comunitários e as análises situacionais dentro do mesmo tipo de estudos. Trata-se do estudo de casos típicos e o interesse do investigador é a possibilidade da generalização tal com ela é. Alguns investigadores reclamam o direito à generalização baseando-se em semelhanças com outros casos referidos na literatura.

Num estudo exploratório a utilização do inquérito como método de recolha de dados será uma necessidade reclamada pela própria proposta de investigação, a qual perspectivará também possivelmente desde cedo na fase de concepção os contornos gerais do dito inquérito (população/amostra, objectivos/questões). A dissertação analisada pode considerar-se um estudo exploratório. O autor fundamenta a sua opção quando se propõe, com o seu estudo, proceder à “recolha (...) dos dados relativos às atitudes e competências dos professores de Inglês das escolas do ensino secundário e secundário com 3º ciclo do distrito de Setúbal, em relação à utilização das TIC no ensino da língua inglesa” e, a partir desse conhecimento, identificar os factores que explicam a resistência/adesão destes professores ao uso das TIC na prática lectiva” (p.69). Se “determinar um conjunto de características positivas que possam constituir propostas e/ou recomendações para a formação inicial e contínua de professores de inglês em TIC.” O objectivo do estudo está dependente da caracterização resultante da aplicação do método mais adequado, o questionário.

População ou amostra? Como construir a amostra?

Muitas vezes é impossível analisar a toda população (por dificuldade de custo, tempo, logística e outros). Através de um inquérito a um número restrito de pessoas, com a condição de que estas tenham sido correctamente escolhidas, é possível obter as mesmas informações com uma margem reduzida de erro, a isto chama-se amostragem
Então, é necessário que a amostra apresente características idênticas às da população (universo), que seja representativa. Esta representatividade só faz sentido se as unidades constituintes forem escolhidas por um processo tal que todos os membros da população tenham a mesma probabilidade de fazer parte da amostra. Se tal não for o caso, diremos que a amostra está enviesada, pois certos membros tiveram mais hipóteses do que outros de serem escolhidos.

Para Hill et al (2002), “escolher um universo pequeno para trabalhar. Tal escolha evita as complicações associadas com a utilização dos métodos de amostragem” e, ainda, “A utilização de um Universo pequeno tem tendência a limitar a escala da investigação – o que talvez pareça uma desvantagem, mas, no nosso entender, não é desvantagem no âmbito de uma investigação académica (…) é melhor fazer uma boa investigação de âmbito limitado do que uma investigação fraca de grande escala e, normalmente, nem o tempo nem os recursos disponíveis que os alunos dispõem são adequados para fazer uma investigação de grande escala”.

Perguntas abertas /perguntas fechadas

Para Ghiglione e Matalon (1992), qualquer erro ou ambiguidade associados à construção do questionário, levará a conclusões erradas. Assim, é aconselhável que as questões sejam colocadas de modo a que sejam perfeitamente entendidas pelo inquirido. No que diz respeito à construção das questões, podemos encontrar dois tipos de questões: abertas e fechadas.
As questões fechadas podem ter várias formas e permitem uma análise estatística dos dados recolhidos. Já o uso de questões abertas obriga à análise de conteúdo (codificação das respostas), uma tarefa mais trabalhosa do que aquela associada às questões fechadas.

O trabalho de codificação faz-se em duas etapas: a primeira, através da análise de uma amostra, que conduz à atribuição do código próprio; a segunda consiste em fazer corresponder cada resposta a uma ou várias categorias do código. Um código deve apresentar várias categorias. Esta codificação permite o tratamento de questões abertas tal como fossem fechadas.
Escolher um questionário com questões abertas, fechadas ou com um misto dos dois tipos depende de vários aspectos, a saber:
1) Da natureza dos objectivos da investigação;
2) Da possibilidade de fechar as questões, de modo a analisar de forma mais apropriada as variáveis em estudo;
3) Do impacto que queremos criar no inquirido e da própria lógica do questionário.
Se se usar questões abertas no início, pode-se levar o inquirido a centrar-se na problemática, mostrando que a sua opinião é importante. Ao colocarmos o inquirido a responder às questões fechadas incide-se mais nas problemáticas que se quer analisar e obtêm-se respostas de tratamento mais específico e controlado.

Pré-teste e validade do questionário

O pré-teste do questionário é uma forma de verificação feitas a fim de se confirmar que a sua aplicação conduz a uma recolha válida e consistente com a investigação em vista. O investigador deve começar o trabalho de recolha de dado redigindo uma primeira versão, com as questões formuladas e ordenadas de maneira provisória, que deve ensaiar para confirmar que se adequa, se está legível e se não tem ambiguidades que falseiem o estudo.
O processo de pré-teste do questionário inclui duas fases: verificação das perguntas individuais e verificação do questionário como um todo no que respeita às condições de aplicação. A primeira fase pode ser executada com a colaboração de um pequeno número de pessoas pertencentes a meios profissionais diferentes do investigador. Nesta fase, o questionário será posto à prova, testando a forma de reacção dos inquiridos e a ordem mais adequada das questões, entre outros aspectos.
Esta reflexão permitirá ao investigador testar: a validade das hipóteses; equacionar interpretações possíveis; a codificação das perguntas abertas e as escalas possíveis para as respostas alem de muitos outros aspectos que variam de acordo com o estudo em questão.

Triangulação, em que consiste?

O conceito de triangulação foi apresentado, nos anos 50 e 60 do século XX, como uma forma de aumentar a validade de um questionário ou para reforçar a credibilidade dos resultados da investigação. Dexter (1970) afirma que nenhuma investigação deve partir de dados recolhidos numa só fonte. Defendendo que a triangulação constitui uma forma de reduzir o risco das conclusões apresentarem as limitações de uma técnica utilizada.

Denzin (1978, cit. por Carmo; Ferreira, 2008) assinalou quatro grandes tipos de triangulação: 1-Triangulação de dados – utilização de uma diversidade de fontes no mesmo estudo; 2-Triangulação de investigadores – utilização de vários investigadores; 3- Triangulação de teorias – utilização de várias teorias na interpretação do mesmo conjunto de dados; 4- Triangulação metodológica – utilização de vários métodos de estudo de um problema.
Na dissertação “Setúbal, as TIC e o Ensino do Inglês, a autora recorre a triangulação de dados. Os vértices do triângulo são: 1- o questionário realizado a todos os professores de Inglês do distrito, 2- as entrevistas aos alunos e 3- a observação de aulas de quatro professores. Estes três tipos diferentes de instrumentos de recolha de dados foram analisados e confrontados, numa estrutura-base orientada pelas cinco categorias de análise formuladas. Desta forma a autora salvaguarda a veracidade do inquérito, validando os resultados.

Bibliografia

Carmo, H. e Ferreira, M. (2008). Metodologia da investigação Guia para a Auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.

Duarte, T.(2009). A possibilidade da investigação a 3: reflexões sobre triangulação (metodológica). CIES e-WORKING PAPER N. º 60. Centro de Investigação e Estudos de Sociologia. Lisboa: ISCTE.

Ghiglione, R. e Matalon, B. (1992).O Inquérito: teoria e prática. Oeiras: Celta Editora.
Hill, M. M.; Hill, A. (2009). Investigação por Questionário. Lisboa: Edições Sílabo.

Moreira, C. (2007). Teorias e Práticas de Investigação. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais e Políticas.

O Questionário como instrumento de recolha de dados-I

Deu-se início ao processo de estudo e sistematização teórica em torno do questionário como forma de recolha de dados. De seguida, em equipa, procedeu-se à discussão da temática e elaborou-se um guião de questionário.
Foram apresentados e colocados em discussão os trabalhos elaborados pelas diferentes equipas.
Depois de uma leitura cuidada destes documentos, fez-se a seguinte síntese conclusiva: o questionário obedece a um planeamento prévio com base no que se pretende saber; é de suma importância o cuidado com as questões éticas (como a garantia de confidencialidade dos dados e o esclarecimento sobre os objectivos do questionário), há a necessidade de incluir instruções de preenchimento; a descrição dos tipos de pergunta e a escolha que deve ser feita (questões abertas ou fechadas) são cuidados a ter na elaboração das perguntas e na organização do questionário.
Para aprofundar a discussão, a Professora lançou o repto de reiniciarmos o debate, agora em fórum alargado, para debater as seguintes questões:
1) vários documentos falam em que o questionário deve ser pensado em função das hipóteses de investigação: então e se for um estudo exploratório que não parte de hipóteses?
2) um questionário deve ser aplicado à população ou a uma amostra?
3) como construir uma amostra?
4) perguntas abertas versus perguntas fechadas (tipo e número de cada) - a escolha deve ser independente de uma previsão sobre o tratamento dos resultados? Essa questão é avançada no capítulo de metodologia na dissertação analisada?
5) validade de um questionário: referiram a importância do pré-teste para garantir a validade (e assinalaram que na dissertação apresentada não há indícios disso); mas só temos que pensar nesse tipo de validade para o questionário, feita através do pré-teste?
6) pelo menos um grupo referiu a triangulação: em que consiste? Qual a sua vantagem? Que tipos de triangulação?
De seguida apresenta-se uma síntese deste fórum.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Análise da Dissertação "Projecto ..." (Ver tópico 2 da UC)

1. O autor justifica claramente a necessidade da investigação?

O autor justifica no preâmbulo a necessidade da investigação, referindo-se à problemática em questão nos seguintes termos: “As questões relacionadas com a educação para a sexualidade e para a saúde são hoje preocupações presentes na sociedade portuguesa e nas políticas educativas e de saúde. Como ainda há muito para fazer neste campo, associamos as novas tecnologias e as grandes capacidades do ensino a distância a este esforço de sensibilização, (in)formação e educação da sexualidade humana”. Também na introdução do trabalho escrito continua com a justificação deste projecto de investigação na área da sexualidade referindo as problemáticas relativas à gravidez na adolescência e as doenças sexualmente transmissíveis. São estes os problemas que o investigador se propõe estudar, naquele universo de alunos, de modo a actuar sobre eles e introduzir alterações, modificando situações comportamentais e atitudinais.

2. O autor explicita os objectivos da sua investigação e as mudanças que pretende atingir?

Na introdução ao trabalho escrito, o autor refere que “este projecto permite uma mudança na forma de abordar a sexualidade. Mudar implica alterar…É necessário e urgente mudar mentalidades, mudar as formas de ver o mundo que nos rodeia. Mudar, mudando…” (Fernandes:5).

3. Do ponto de vista metodológico apresenta os passos que foram efectuados na intervenção a que se procedeu?

Nesta investigação-acção, o autor apresenta os passos efectuados, no ponto 4.1.1Metodologia, na página 3. São referidos a pesquisa e recolha de informação, condução de debates, brainstorming, resolução de histórias e/ou casos inventados e reais, role Play, caixa de perguntas e por fim fichas de trabalho para recolha, exploração e síntese de informação. No ponto 4.1.2 Plataforma LiveLearn, refere pormenorizadamente como se desenvolvem as actividades do projecto, quem participa, como participa e momentos da participação.

4. Explicitou, aquando do planeamento da intervenção, quais os instrumentos que permitiram fazer a avaliação da intervenção?

No ponto 4.4 Desenvolvimento e no ponto 4.4.1 Calendarização, o autor expressa os momentos de avaliação “6.De Março a Maio de 2006 foi desenvolvido e avaliado o Projecto na sua vertente síncrona. 7. Final de Abril foi promovido o fórum de avaliação final.” Na página 63,no ponto 4.5.1 Avaliação do processo, são referidos os instrumentos que permitiram fazer a avaliação da intervenção: inquéritos, entrevistas informais, fóruns de discussão e das notas de campo. Este projecto, como decorre em plataforma de e-learning, oferece a vantagem de tudo ficar registado com possibilidade de ser avaliado sistematicamente. Já no ponto seguinte o autor apresenta a avaliação de eficácia e eficiência do projecto.

5. É visível no relatório apresentado a existência de reflexão do investigador sobre a intervenção a que procedeu?

O investigador reflecte sobre a intervenção feita com esta investigação-acção em várias observações ao longo do trabalho escrito. Esta é uma das característica desta investigação-acção, mas o relatório reflexivo toma incidência especial no ponto 4.5.2 Avaliação da eficácia e eficiência do projecto, na página 63.

6. Como são discutidos os resultados da investigação?

O autor discute os resultados da investigação em dois momentos essenciais: no ponto citado da avaliação abrindo uma alínea a que chamou fragilidades e no ponto 5.Notas finais em que abre um ponto 5.1 Autocrítica, onde discute o processo desenvolvido. Faz ainda, num ponto 5.2Perspectivas de futuro/recomendações (página3 de Notas Finais), alguns reparos para futuras investigações.

A Investigação – acção (Síntese de leitura)

A investigação - acção pretende informar os professores sobre as suas práticas e dar-lhe um papel de liderança nos seus contextos locais de ensino. Mills (2003, citado em Donato, 2003) apresenta a seguinte definição: a investigação-acção é todo o inquérito sistemático conduzido por professores investigadores para recolher a informação sobre as práticas na sua escola, como se ensina e como os melhores alunos aprendem. A informação é recolhida com os objectivos de verificação das práticas, da reflexão sobre as mesmas, a fim de efectuar mudanças positivas no ambiente da escola e das práticas educativas gerais, para a melhoria dos resultados escolares.

A investigação - acção é conduzida por professores e para professores. É feita em pequena escala, com cobertura contextualizada, localizada, e visando desenvolver ou monitorizar mudanças na prática (Wallace, 2000, citado em Donato, 2003). As características da investigação - acção reflectem também as qualidades dos líderes e das culturas em mudança. Estas qualidades incluem uma compreensão profunda da organização, da sua visão e análise, da vontade para novos conhecimentos, do desejo para a melhoria nos desempenhos, da actividade auto-reflexiva e da vontade de mudança (Fullan, 2000a, 2000b, citado em Donato).

Uma estrutura para a Investigação - acção

Um projecto de investigação - acção procura criar conhecimento, propor e executar a mudança, e melhorar a prática e o desempenho (Longarina, (1996), Kemmis e McTaggert (1988), citados em Donato (2003). Estes autores sugerem que os componentes fundamentais da investigação – acção incluam os seguinte passos: (1) desenvolver um projecto de melhoria; (2) executar o projecto; (3) observar e documentar os efeitos do projecto, e (4) reflectir sobre os efeitos do projecto para o refazer, se necessário. O novo conhecimento situacional resulta nas mudanças das práticas (Fullan, 2000ª, citado em Donato, 2003).

A investigação - acção é normalmente conduzida para desenvolver um projecto de inovação ou para colaborar na sua implementação. Mills (2003), citado em Donato (2003) desenvolve a seguinte estrutura para a investigação - acção:

• Descrever o problema e a área de focagem;
• Definir os factores envolvidos no contexto da intervenção (por exemplo, o currículo, os resultados dos alunos, as estratégias educativas);
• Formular questões a investigar;
• Descrever a intervenção ou a inovação a serem executadas;
• Definir um espaço temporal para execução da acção;
• Caracterizar o contexto situacional, ou o grupo da investigação – acção;
• Identificar uma lista de recursos para executar o projecto;
• Seleccionar os dados a serem recolhidos;
• Elaborar um plano do levantamento de dados e métodos de tratamento;
• Seleccionar ferramentas apropriadas de inquérito;
• Identificar os participantes e o modo como entram no estudo;
• Discutir a condução da acção;
• Recolher dados (por exemplo, questionários, relatórios de observação, notícias e outros);
• Planear as acções estratégicas baseadas nos dados recolhidos.

Características da investigação - acção

Donato, 2003 descreve um projecto de investigação praticado numa escola de língua espanhola, em Pittsburgh, EUA, ilustrando diversas características da investigação – acção. O projecto foi contextualizado numa tentativa de investigar uma situação específica, procurava fundamentar a tese da necessidade de alterar as práticas pedagógicas, dando conhecimento dessa investigação a membros da direcção e aos pais.
Os resultados do projecto confirmaram as teses iniciais e apresentaram mudanças baseadas na investigação. A força de mudança foi alicerçada na prática e na informação que sistematicamente foi recolhida e sintetizada. A investigação participativa e colaborativa envolveu todos os professores, o comité de direcção, um investigador da universidade, e indirectamente os membros de direcção da escola que reagiram à informação apresentada.

Finalmente, os professores tomaram a iniciativa no desenvolvimento do programa, a sua participação deu oportunidades de liderança que afectou directamente as suas práticas pedagógicas. Em Fullan (2000ª, citado em Donato, 2003), estes professores são participantes numa cultura colaborativa de mudança. Os resultados desta investigação - acção levaram os professores a sentir a necessidade de mudança e a encetar essa mudança. A investigação-acção deu suporte científico ao que os intervenientes pressentiam sem conseguir alterar.

sábado, 3 de abril de 2010

Método Quantitativo e Qualitativo

Os diferentes paradigmas da investigação apontam para diferentes metodologias. Apresenta-se os métodos qualitativos e quantitativos de investigação.
O paradigma quantitativo baseia-se no positivismo de Augusto Conte: “Existe uma realidade objectiva que o investigador tem de ser capaz de interpretar objectivamente; cada fenómeno deverá ter uma só interpretação objectiva e científica” (Fernandes, 1991:65).

Enquanto a metodologia qualitativa, associada ao paradigma naturalista se baseia no idealismo de Kant: “não existe uma só interpretação objectiva da realidade. Admitem-se interpretações quanto aos indivíduos que a pretendem interpretar.”A unidade do ser humano impede que o todo possa ser reduzido à soma das partes” (Moreira, 2007: 35).

O paradigma positivista pode definir-se como: “o estudo da realidade social utilizando o enquadramento conceptual, as técnicas de observação e medição, os instrumentos de análise matemática e os procedimentos de inferência das ciências naturais” (Moreira, 2007:24). O acto de conhecer está condicionado pelas circunstâncias sociais e culturais e pelo quadro teórico em que se situam. O positivismo moderno defende “a natureza provisória do conhecimento científico e o condicionamento teórico sobre a observação perde certezas mas não repudia o fundamento empirista (Moreira, 2007). Neste modelo: “a selecção aleatória dos sujeitos é obrigatória”, a amostra tem dimensão adequada e representativa da população e os instrumentos de recolha de dados são predefinidos idealmente.
Para a análise dos dados recorre-se a técnicas estatísticas como análise da co-variância para obtenção de grupos experimentais e de controlo e à “ formulação e testagem de hipóteses” através da análise da variância e variância multivariada” (Fernandes, 1991:64). O investigador parte do conhecimento teórico existente ou de resultados empíricos anteriores atendendo a que a teoria antecede o objecto de investigação. As hipóteses surgem da teoria e são formuladas com a maior independência possível em relação aos casos concretos a estudar. São operacionalizadas e testadas face a novas condições empíricas seguindo o esquema:

Teoria - Hipóteses - Operacionalização - Amostragem - Recolha de dados Interpretação dos dados - Validação - Corroboração ou infirmação de hipóteses.

Segundo Bogdan (1994) as origens antropológicas da investigação qualitativa em educação datam de 1898. As preocupações antropológicas eram o papel do professor, da escola enquanto organização, num quadro de rápidas alterações, nos EUA. No entanto a sociologia da Educação vai aparecer um pouco mais tarde, no inicio do século XX, na Escola de Chicago quando o paradigma que estava no auge era o da quantificação. ” …a preocupação constante com as ciências naturais e com a avaliação quantitativa subiu de tom (…) será a sociologia da educação uma ciência ou poderá vir a transformar-se em ciência? Para se tornar ciência …tinha de ser experimental.” (Bogdan:29). Regista-se nesta época uma preocupação com a mensuração, quantificação e previsão, enquanto diminuem as estratégias qualitativas, a utilização de documentos pessoais, bem como as preocupações com o contexto social (Peter, 1937, citado por Bogdan: 30).

A investigação qualitativa adopta métodos qualitativos de recolha de dados baseados na observação da realidade, num determinado contexto. Utilizando métodos de pesquisa como: entrevista, observação participante, história de vida, testemunho, análise do discurso, estudo de caso, entre outros. O termo qualitativo pressupõe grande interacção com pessoas, realidades contextualizadas e vividas que constituem o objecto de pesquisa, para se obter "significados visíveis e latentes que somente são perceptíveis a uma atenção sensível" (Chizzotti, 2003).


Bogdam, R. & Biklen, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Porto: Porto Editora.
Moreira, C. (2007). Teorias e Práticas de Investigação. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais e Políticas.
Fernandes, D. (1991). Notas sobre os paradigmas de investigação em educação. Revista
Noesis, nº18.
Chizzotti, A. (2003) A pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais: evolução e desafios. Rev. Potuguesa de Educação, Universidade do Minho. http://redalyc.uaemex.mx/pdf/374/37416210.pdf (acedido em 3 de Abril de 2010).

Análise da dissertação de mestrado (ver Tópico 1 da UC)

A autora apresenta claramente o problema formulado na investigação?
Na página 7, no Capítulo 1- Caracterização Geral do Estudo e em subtítulo, a autora enuncia em 1.1 Formulação do Problema, identificando claramente uma área geral a estudar “contributos das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), mais concretamente averiguar de que forma o blogue contribui para a emergência da leitura e da escrita em contexto pré-escolar”. Efectua, ainda, um enquadramento e justificação da relevância do estudo e define um objectivo geral: “Averiguar de que forma o uso do blogue em contexto educativo constitui uma ferramenta promotora de literacia” – que tenta clarificar através da definição de objectivos específicos (Lopes, 2007:8).

É apresentada uma revisão bibliográfica?

A autora começa por referir que “são escassos os estudos sistemáticos sobre as potencialidades das tecnologias digitais ao serviço da promoção da literacia, bem como a sua utilização em contexto escolar. (Lopes, 2007:7) A revisão bibliográfica incide essencialmente na descrição das teorias e trabalhos empíricos relevantes para o tema. Não é feita uma comparação e avaliação das teorias, bem como uma dedução das hipóteses a partir da revisão bibliográfica.

Há elementos relativos à planificação da investigação?

A planificação da investigação está apresentada, de alguma forma, no Capítulo 5. Metodologias, mais concretamente no ponto5.2- Descrição do Estudo. Refere-se o período em que ocorre a recolha de dados, quem a faz e como é feita. O estudo obedece a uma calendarização previamente definida, decorre no ano lectivo 2006/07, na sala número um do Jardim-de-infância de Rio Covo. O trabalho de campo decorre em duas fases: a primeira em Outubro de 2006, para a construção do blogue e, a segunda, entre Dezembro de 2006 e Maio de 2007, para efectuar a observação de campo. (Lopes, 2007:51).


Quais são os elementos referenciados sobre o estudo empírico?

São referenciados o meio onde ocorre a investigação, quem a faz, sobre quem é feita, além de outros, nomeadamente o que está construído no Blog. A recolha de informação centra-se num grupo de crianças: treze crianças com idades compreendidas entre os quatro e os cinco anos, das quais três com cinco e dez com quatro anos. São descritas as suas participações em actividades educativas que acontecem ligadas ao uso do Blogue.

São identificados os instrumentos de recolha de informação?

A investigadora utiliza como forma de recolha de informação a observação participante, complementada com outras, nomeadamente, entrevistas, notas de campo, registos de vídeo e entradas e comentários no Blogue (Lopes, 2007: 51).

Quais os procedimentos de análise de dados?

Não há referência explícita à técnica utilizada para a análise de dados, designadamente acerca do material constante no blogue. Não há a confrontação das ideias de partida com os dados concretos obtidos na observação. Não é feita uma análise que permita confirmar, alterar ou rejeitar as ideias de partida.

É possível identificar as conclusões da investigação?

É possível identificar algumas conclusões, ainda que enunciadas de modo genérico, no decorrer do Capítulo 6. Análise e Apresentação dos Dados, no ponto 6.1Contributos do Blog no Jardim de Infância, e no ponto 6.2 O Blogue na Emergência da Leitura e da Escrita. A autora descreve os resultados da investigação referindo o modo como o Blogue contribuiu para a emergência da leitura e da escrita em contexto pré-escolar, cumprindo os objectivos inicialmente propostos (Lopes, 2007:64).

Qual o paradigma em que se insere a investigação?

“Decidimos optar pelo paradigma qualitativo, mais especificamente pelo Estudo de Caso. Esta metodologia, largamente utilizada em Ciências da Educação, parece-nos ser a linha de investigação mais coerente e que vai de encontro aos objectivos delineados no âmbito da nossa problemática: estudar, acompanhar e apoiar o processo de integração das TIC no Jardim-de-infância. Esta metodologia permite a utilização de uma multiplicidade de métodos para abordar uma problemática de forma naturalista e interpretativa, ou seja, permite que se estude o problema no seu contexto/ambiente natural” (Lopes, 2007:49).

Paradigmas de Investigação: Positivista, Naturalista e Sociocrítico

Em investigação a escolha de paradigma reflecte a forma de ver o mundo. Almeida e Freire (2003:31) afirmam “Acredita-se, (…), que o paradigma adoptado pelo investigador determina, não só as suas opções metodológicas, como estas afectam, ou podem afectar, o seu tratamento e as respectivas conclusões”. Estes autores consideram que “um paradigma é um referencial dominante numa determinada comunidade de investigadores a propósito dos problemas e da sua abordagem científica”. Citando Hussén (1988), Almeida e Freire referem que “o próprio paradigma ‘decide’ a escolha do problema e a sua formulação por parte do investigador”.

No paradigma positivista considera-se a natureza da realidade como sendo única, fragmentada, tangível e simplificada. Para o paradigma naturalista a realidade é entendida como múltipla, intangível e holística. No paradigma sociocrítico a realidade é dinâmica, evolutiva e interactiva. No paradigma positivista a investigação é objectiva, no paradigma naturalista os valores do investigador exercem influência no processo, havendo subjectividade. No paradigma sociocrítico a ideologia e os valores determinam o processo de investigação.

O paradigma positivista assenta no método quantitativo de investigação, enquanto o paradigma naturalista se baseia no método qualitativo. Para a maioria dos investigadores do século XX o método quantitativo era dominante. Durante os anos 80 o método qualitativo surgiu como uma alternativa, apresentando-se como o oposto do paradigma da investigação quantitativa. Actualmente os dois métodos cruzam-se em metodologias mistas.

Bibliografia:

Bogdan, R.; Biken, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Porto: Porto Editora.

Johnson, B. e Christensen, L. (s.d.) Educational Research Quantitative, Qualitative, and Mixed Aproches.

Carmo, H. & Ferreira, M., (2008.) Metodologia da Investigação – Guia de auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.

Almeida, L. S.; Freire, T. (2003): Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Braga: Psiquilibrios.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Início

Este Portefólio Pessoal, intitulado Investigação Educacional, é o reflexo do percurso efectuado na Unidade Curricular com a mesma designação, do Mestrado de Supervisão Pedagógica, da Universidade Aberta. Está estruturado com base nas notas e sínteses das leituras realizadas, nas pesquisas pessoais, nas análises das contribuições dos colegas, reflectindo todo o trabalho e todo o conhecimento construído e contendo ainda a reflexão sobre o seu progresso.

Os seguintes tópicos conduziram a construção de entradas e criação de mensagens:

(1) O processo de investigação, o problema e as questões de investigação
(2) Sínteses de leituras efectuadas no âmbito de uma possível temática para investigação a desenvolver no 2º ano do mestrado
(3) Reflexão sobre a revisão da literatura efectuada (abrangência, extensão, profundidade)
(4) O papel do investigador (observação participante e não participante)
(5) Métodos de recolha de dados; vantagens e inconvenientes; relação com as questões de investigação
(6) A investigação-acção.
(7) Modos de análise e interpretação dos dados; sua relação com o quadro conceptual da investigação
(8) A ética do investigador em Educação
(9) Reflexões sobre as actividades e discussões em que participou.
(10) Reflexão e análise do percurso realizado. Avaliação do mesmo.


A avaliação e classificação do portfólio tem por base os seguintes parâmetros:


(1) Domínio dos conceitos abordados na unidade curricular
(2) Capacidade de reflexão e de análise crítica sobre as suas aprendizagens.
(3) Capacidade de reflexão e de análise crítica sobre as discussões realizadas nos fóruns.
(4) Diversidade das entradas tendo em conta os temas abordados.
(5) Relevância da pesquisa pessoal efectuada, tendo em conta os temas programáticos e futuras aplicações das leituras aquando da elaboração da dissertação.
(6) Correcção das referências bibliográficas.

Bem-vindos ao Investigação Educacional