quarta-feira, 30 de junho de 2010

Tema 3 – O Processo de Recolha de Dados (Reflexão I)


No tema 3 os grandes objectivos enunciados pela Professora Alda foram os seguintes:
1- Reflectir sobre a relação entre a utilização de um questionário e os objectivos investigação;
2- Analisar vantagens e desvantagens da utilização do questionário como técnica de recolha de dados;
3- Reflectir sobre os passos determinantes e sobre os cuidados a ter em conta na construção de um questionário com qualidade.
Para a consecução destes objectivos fez-se uma intensa consulta bibliográfica, a análise atenta e cuidada da dissertação de mestrado “Setúbal, as TIC e o Ensino de Inglês: Atitudes dos Professores”, de Conceição Brito, atendendo a que a metodologia privilegiada por esta investigadora se baseou na aplicação e tratamento de questionário para a recolha de dados da sua investigação.
Foi ainda elaborado em Equipa Azul um trabalho colaborativo “Planeamento de Um Questionário” que posteriormente foi colocado em fórum alargado e comentado bem como todos os outros trabalhos elaborados por todas as outras equipas, num vivo debate dos trabalhos e ideias apresentadas. Mais uma vez se deve referir a importância desta partilha para a construção de conhecimento.
Em síntese, pode-se referir algumas ideias que importa sublinhar. O trabalho de investigação com base na elaboração de um questionário oferece um conjunto de vantagens, de entre as quais podemos destacar, o facto de as respostas por escrito serem menos embaraçosas para os inquiridos em determinadas situações, poder proporcionar uma maior rapidez na recolha e análise de dados, ser aplicável a uma grande amostra e como tal permitir a generalização das conclusões, bem como a grande aceitabilidade pelos públicos-alvo.
O inquérito é um instrumento privilegiado na recolha de dados sempre que a investigação tem necessidade de obter informação sobre uma grande variedade de comportamentos de um individuo ou grupo e cuja observação directa pode ser impossível, até por se reportar ao passado. Por questões éticas e deontológicas, o inquérito apresenta-se como uma forma de ultrapassar algumas dificuldades, nomeadamente quando está em causa alguma intimidade dos informantes.
É também muito eficaz quando a investigação necessita de registo de opiniões, preferências e outras que têm de ser expressas pelos próprios. Revela-se muito útil quando os dados que interessam à investigação são algo de interesse geral mas que se produz num dado momento e sociedade e pode ser expresso por um conjunto de indivíduos inquiridos.
Contudo, estão-lhe também associadas algumas desvantagens: dificuldades ao nível da concepção, o perigo de generalizações erradas se a população-alvo não for representativa do universo em estudo, a possibilidade de ocorrerem erros no tratamento de dados que comprometam a investigação e haver uma elevada taxa de não respostas.
A concepção de um questionário deve atender a algumas considerações antes, durante e depois da sua aplicação. Assim, a aparência estética de um questionário é um aspecto importante funcionando como marketing para o respondente. O “layout” do questionário deve ser claro e atraente de modo a persuadir o respondente. O questionário deve ser curto, claro e com espaços adequados entre as perguntas. As questões devem ser de tal modo claras que não podem oferecer qualquer dúvida ou embaraço ao inquirido. E por fim, deve referir-se o facto desta metodologia de recolha de dados ser uma entre muitas possíveis a integrar numa investigação. O cruzamento de informações e a recolha de vários processos pode enriquecer a investigação.



Carmo, F. & Ferreira, M. (2008): Metodologia da Investigação - Guia para Auto-aprendizagem.2ªed. Lisboa: Universidade Aberta
Ghiglione, R; Matalon, B. (1992). O Inquérito, Teoria e Prática. Oeiras: Celta Editora.
Hill, M. & Hill, A. (2005). Introdução à Investigação. Lisboa: Adições Sílabo, Lda

Tema 2 - A Investigação-acção em Educação (Reflexão I)



A Professora Alda Pereira abriu esta temática colocando em fórum uma importante síntese sobre o conceito de investigação-acção, onde sublinhou, com Kemmis e Mctaggart, que fazer este tipo de investigação é planear, actuar, observar e reflectir mais cuidadosamente, mais sistematicamente e mais rigorosamente do que se faz na vida diária. Apontando como características fundamentais da investigação-acção o dizer respeito a um problema ou situação real, a intervenção ser situada no contexto onde esse problema é vivenciado, ser realizada pelos próprios intervenientes na acção, pretender contribuir para a mudança e englobar obrigatoriamente um percurso que combina a reflexão com a acção, num processo dialéctico, sistemático e contínuo.
Os desafios colocados pela Professora foram os seguintes: 1- Reflectir sobre a relação entre o método de investigação-acção e a posição pessoal do investigador. 2- Reflectir sobre as vantagens e desvantagens deste método de investigação. 3- Reflectir sobre os passos determinantes deste método.
Foi realizada uma síntese do texto em referência que constituiu uma entrada neste blogue. Fez-se uma participação muito viva e esclarecedora desta forma de investigação educacional. Fez-se ainda a discussão da dissertação de mestrado de "Projecto Mais - Educação para a Sexualidade Online" de Arménio Martins Fernandes, cujo paradigma investigativo se prende com a Investigação-acção.

Richard Donato, Universidade de Pittsburgh em
http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=219466 (Acedido em Abril de 2010)

Tema 1- O Processo de Investigação (Reflexão II)



Os trabalhos desenvolvidos neste primeiro tema foram da responsabilidade de cada uma das equipas depois de um fórum de discussão em grupos separados.
A Equipa Azul, onde desenvolvi todo o trabalho em pequeno grupo, apresentou o seu Guião de Investigação depois de um vivo debate entre todos os seus membros. A proposta de guião foi no sentido de uma investigação educacional no paradigma qualitativo ou misto. A Equipa Verde apresentou uma proposta de guião onde expressam a intenção de um Estudo de Caso; a Equipa Laranja refere no seu guião a intenção de uma Investigação-Acção e, por último, a Equipa Amarela, sem o referir directamente, desenvolve um trabalho onde apresenta um guião com grande desenvolvimento para o paradigma quantitativo.
Em síntese, atendendo a que as equipas trabalharam em fóruns separados e com grupos ocultos, permitiu-se que houvesse a produção de trabalhos bastante diversos e que uma vez discutidos em fórum alargado proporcionaram um enorme enriquecimento de todos. Se por um lado cada trabalho se restringiu a um paradigma, e isso foi criticado negativamente pela Professora Alda Pereira, por outro lado ao partilharmos e discutirmos os trabalhos, no seu conjunto, ficou-se com uma visão alargada que muito contribuirá para o desenvolvimento da tese pessoal de mestrado, a desenvolver no próximo ano lectivo. Obrigada a todos pelo trabalho colaborativo e pela partilha!

Tema 1- O Processo de Investigação (Reflexão I)



A primeira actividade desenvolvida nesta Unidade Curricular de Investigação Educacional do Mestrado de Supervisão Pedagógica teve como principal objectivo planear uma investigação e decorreu entre o dia três e o dia trinta de Março de 2010. O desafio proposto pela Professora Alda Pereira desenvolveu-se em quatro fases:
1º Momento - Exploração individual de recursos bibliográficos e webgráficos apresentados na disciplina, bem como de tantas outras fontes que se podem consultar neste mundo disperso da Web, na tentativa de responder às questões colocadas pela Professora e que balizaram o estudo e a reflexão. Foram as seguintes questões propostas e trabalhadas nesta actividade:
1- Que paradigmas se podem identificar na Investigação educacional? Como os caracterizar?
2- Que métodos de investigação estão em regra associado a cada um destes paradigmas?

Em síntese reflexiva deve referir-se que a investigação se encontra associada a diferentes paradigmas que se distinguem pelo modo de produção de conhecimentos e dos processos de investigação, pressupondo uma correspondência entre epistemologia, teoria e método, sendo que a distinção se faz essencialmente ao nível do método. Cada método está ligado a uma perspectiva paradigmática distinta.
Podem referir-se dois paradigmas ligados aos métodos quantitativos e outro ligado aos métodos qualitativos e assim avançamos com o Paradigma Quantitativo e o Paradigma Qualitativo.

2º Momento – Foi explorada a tese de Mestrado “ As TIC no Jardim de Infância: Contributos do Blogue para a Emergência da Leitura e da Escrita, de Ádila Ferreira Lopes, tendo havido uma entrada neste blogue relativa a esta análise.

3º Momento – Fez-se um trabalho em Equipa subordinado ao tema “ Guião de Investigação”. Tomei a iniciativa de formar a Equipa Azul que ficou constituída com a entrada da colega Julieta Cordas, Felícia Figueiredo e Manuela Pereira.
Em fórum da Equipa Azul fez-se a caracterização das diferentes fases da investigação; Reflectiu-se sobre as diferentes etapas do processo de investigação e sobre as competências exigidas ao investigador nos diferentes momentos da investigação. Foi uma fase de grande enriquecimento pessoal e profissional. Será pedida autorização às suas co-autoras para a publicação deste trabalho neste espaço.

4º Momento - Procedeu-se à apresentação em fórum alargado dos Guiões elaborados por todas as equipas, ao que se seguiu uma discussão dos referidos trabalhos e temática. Esta discussão foi de grande partilha de conhecimentos e de grande discussão desta temática. Obrigada a todos pelo trabalho colaborativo e de partilha de saberes.

A Ética na Investigação



O investigador encontra-se numa posição de relacionamento em várias vertentes: a) uma relação com o conhecimento científico; b)uma relação com os assuntos a que a investigação diz respeito; c) uma estreita relação com todos os participantes na investigação. Qualquer investigação obriga o investigador a observar um conjunto de princípios éticos, apresentam-se em seguida alguns princípios basilares de qualquer tipo de investigação.

1- Respeito e garantia dos direitos de todos os participantes no processo de investigação.

2- Garantia da informação aos participantes sobre todos os aspectos, positivos ou negativos, da investigação.

3-Manutenção de relações de honestidade com os participantes, nomeadamente com a indicação dos objectivos e consequências da investigação.

4- Aceitação das decisões dos participantes de não querer colaborar na investigação ou de desistir em qualquer ponto do processo.

5- Explicação prévia de todas as responsabilidades partilhadas durante a investigação.

6-Protecção de todos os participantes de quaisquer danos ou prejuízos físicos, morais e profissionais, no decurso da investigação ou que se possa desenvolver posteriormente.

7- Informação dos participantes dos resultados da investigação, sempre que tal seja importante ou requerido.

8- Garantia da confidencialidade e da manutenção do anonimato em todo o processo.

9- Autorização das instituições a que pertencem os participantes para a colaboração no estudo.

10 - Apresentação rigorosa de todas as fontes utilizadas.

11- Fidelidade aos dados recolhidos e dos resultados, bem como de todo o processo desde a intenção da investigação até à comunicação e publicação de resultados.


12- Manutenção da Neutralidade e da Imparcialidade em todo o processo investigativo.

Carmo, H. & Malheiro, M.F. (2008). Metodologias da Investigação. Universidade Aberta.

Análise Qualitativa de Dados



Os Dados Qualitativos e Seu Armazenamento

Os investigadores qualitativos geralmente transcrevem os seus dados, ou seja, os diferentes tipos de texto, a partir de entrevistas, notas de observação, memorandos e outros em processadores de texto. Trata-se de transcrições que são posteriormente analisados, podendo ser através de um dos programas de análise qualitativa de dados por computador.

Codificação e Desenvolvimento de Sistemas de Categorias de Dados

Esta é a etapa importante da análise qualitativa dos dados onde se lêem os dados transcritos, linha por linha, e se dividem os dados em unidades de significado analítico, por segmentos. Quando se localizam segmentos significativos, atribuem-se-lhe códigos.
A codificação é definida como a marcação dos segmentos de dados com símbolos, palavras descritivas, ou nomes de categoria. Sempre que se encontrar um segmento significativo do texto em transcrição, atribui-se um código ou nome da categoria para significar determinado segmento. Continua-se este processo até que se tenha segmentado todos os dados. Durante a codificação, deve-se manter uma lista mestra, ou seja, uma lista de todos os códigos que são desenvolvidas e utilizadas no estudo de investigação.

Não se pode ficar surpreendido se os resultados são diferentes de outros investigadores ou de outra investigação, a investigação qualitativa é muito mais um processo interpretativo!

A pesquisa qualitativa é mais defensável quando são usados vários programadores e quando são obtidas elevadas confiabilidade de codificadores. A confiabilidade refere-se a coerência entre os diferentes codificadores ou dentro de um único programador, no caso da confiabilidade interna.

Códigos Indutivos a priori

Há muitos tipos diferentes de códigos que são comummente usados em análise qualitativa dos dados. Pode-se decidir usar um conjunto de códigos já existentes, são chamados de códigos a priori, desenvolvidos antes de examinar os dados. Podem usar-se ainda os chamados códigos indutivo, são códigos que são desenvolvidos pelo investigador directamente da análise dos dados.
Códigos de Co-ocorrência, quando o mesmo segmento de dados começa a poder ser codificado com mais de um código, por outras palavras, as mesmas linhas ou segmentos de texto podem ter mais de um código que lhes são inerentes.

Depois da codificação inicial de dados, resumem-se e organizam-se os dados, agora submetidos a esta codificação. A próxima etapa será resumir os resultados incluindo processos como a enumeração e o estabelecimento de relações entre os dados.
A enumeração é o processo de quantificação de dados, muitas vezes feita em investigação qualitativa. Por exemplo, pode contar-se o número de vezes que uma palavra aparece num documento. A enumeração é muito útil para clarificar as palavras que se querem usar em relatório, como "muitos", "alguns", "nenhuns", "quase todos", e assim por diante. Os números ajudarão a esclarecer o que se quer dizer com frequência.
Durante a leitura de "números" na investigação qualitativa, deve-se sempre verificar a sua base. Por exemplo, se uma palavra ocorre muitas vezes e a base é o número total de palavras em todos os documentos de texto, então a razão pode ser que muitas pessoas usaram a palavra ou pode ser que apenas uma pessoa usou a palavra muitas vezes. O significado da ocorrência é diferente.

Sistemas hierarquizadas de categorias

Às vezes os códigos ou categorias podem ser organizadas em diferentes níveis ou hierarquias. Algumas palavras, ideias ou temas são mais gerais do que outros e, portanto, os códigos estão relacionados e hierarquizados verticalmente. Patton utilizou a estratégia do cruzamento de duas tipologias de uma dimensão para formar uma matriz de duas dimensões, resultando em uma nova tipologia que relaciona a duas dimensões.

Desenho de diagramas

Diagramação é o processo de fazer um esboço, desenho ou modelo para mostrar como algo funciona ou esclarecer a relação entre as partes de um todo. Existem vários tipos de diagramas que podem ser usados em pesquisas qualitativas. Um tipo de diagrama utilizado na pesquisa qualitativa, que é semelhante à utilizada na modelagem de diagramas causais é chamado de diagrama de rede. Este é um diagrama que mostra as ligações directas entre as categorias, variáveis ou eventos ao longo do tempo.
Também é útil para o desenvolvimento de matrizes para descrever dados. Uma matriz é formada por linhas e colunas. Desenvolver uma matriz é uma excelente maneira de mostrar relações nos dados qualitativos. Há muitos tipos de relações interessantes na investigação qualitativa e existem muitas maneiras diferentes de encontrar, descrever e apresentar os resultados em relatório de investigação qualitativa.

Corroborando e validação dos resultados.

Corroborando e validação dos resultados é um elemento essencial da análise de dados e do processo de pesquisa qualitativa. A confirmação e validação devem ser feitas durante toda a recolha de dados qualitativos, análise e processo de relatório. Há programas de análise qualitativa de dados que facilitam a maioria das técnicas, por exemplo, armazenamento e codificação, a criação de sistemas de classificação, enumeração, anexação de memorandos, relações entre dados e elaboração de gráficos.

http://www.qualitative-research.net/index.php/fqs/article/view/1089

terça-feira, 29 de junho de 2010

Análise Quantitativa de Dados



Segundo Carmo e Ferreira (2008:196), a utilização de métodos quantitativos está essencialmente ligada à investigação experimental ou quasi-experimental e que pressupõe a observação de fenómenos, a formulação de hipóteses explicativas, o controlo de variáveis, a amostragem, a verificação ou rejeição de hipóteses e, posteriormente, a análise estatística com utilização de métodos matemáticos para testar as hipóteses. Esta metodologia visa generalizar os resultados a uma determinada população e o estabelecimento de causa-efeito e a previsão de fenómenos.

Neste caso, os objectivos da investigação quantitativa consistem em encontrar relações entre variáveis, fazer descrições recorrendo ao tratamento estatístico de dados recolhidos e testar teorias.
Quer se trate de investigação experimental, quer se trate da caracterização estatística de uma determinada população (por inquérito ou entrevista estruturada), procede-se à selecção de uma amostra que deve ser representativa da população em estudo, para que os resultados possam ser generalizados a essa mesma população, o que implica a selecção aleatória dos sujeitos de investigação.
Para a testagem de hipóteses (verificação ou rejeição) existe uma grande variedade de testes, cuja eficácia é reconhecida, por exemplo o teste t, o teste de Mann-Whitney, a análise da variância (ANOVA) ou a análise da variância multivariada (MANOVA), entre os mais utilizados.
Uma das principais limitações de utilização dos métodos quantitativos em Ciências Sociais está ligada à própria natureza dos fenómenos estudados: complexidade dos seres humanos; estímulo que dá origem a diferentes respostas; grande número de variáveis cujo controlo é difícil ou mesmo impossível; subjectividade do investigador; medição que é muitas vezes indirecta (o caso das atitudes) e, por fim, o problema da validade e fiabilidade dos instrumentos de medição.

A Investigação Correlacional

O propósito de um estudo correlacional consiste em averiguar se existe ou não relação entre duas ou mais variáveis quantificáveis.
Variáveis cujo grau de correlação é forte podem estar na base de estudos causais- comparativos, experimentais ou quase-experimentais, estudos esses conduzidos com o objectivo de verificar se as relações existentes entre as variáveis são de natureza causal. Pode haver um grau de correlação forte entre duas variáveis sem que uma das variáveis seja “causa” da outra, podendo, neste caso, ser uma terceira variável a “causa” das duas variáveis que apresentam um grau de correlação forte.
A investigação correlacional apenas estabelece que há uma relação entre duas variáveis mas não estabelece uma relação causa-efeito. No entanto, o estabelecimento de uma correlação entre duas variáveis poderá ser utilizado na previsão dos valores de uma delas a partir do conhecimento dos valores da outra.
Um estudo correlacional não deve ser feito com um número de sujeitos inferior a 30. Além deste requisito, para se efectuar este tipo de estudo há cuidados precisos a ter: as relações entre as variáveis serem provenientes da teoria ou da experiência, supondo-se indutiva ou dedutivamente que existe relação entre ela; os dados recolhidos têm de ser precisos e válidos, sem os quais as conclusões poderão ser igualmente não válidos.
O grau de correlação entre duas variáveis é geralmente expresso como um coeficiente cujo valor varia entre 0.00 e + 1.00 ou -1.00. Duas variáveis que estão altamente correlacionadas apresentam um coeficiente perto de +1.00 ou de -1.00. No caso de não estarem correlacionadas apresentam um coeficiente de perto de 0.00.
A correlação pode ser classificada quanto ao sentido, em positiva e negativa. Uma correlação positiva indica que os sujeitos que obtiveram altos numa das variáveis também obtiveram valores altos na outra variável ou, inversamente, se obtiveram valores baixos numa variável também obtiveram valores baixos na outra variável. Uma correlação diz-se negativa quando os sujeitos obtêm valores altos numa variável a valores baixos na outra variável.
A correlação apresenta valores baixos quando não há relação entre duas variáveis, por exemplo a relação entra a altura do aluno e o se aproveitamento escolar.
Uma correlação positiva ou negativa representa um tipo de relação linear. Esta correlação pode ser apresentada através de diagramas de dispersão. A aglomeração de pontos faz-se em torno de uma linha recta imaginária, ou de linhas imaginárias curvilíneas.
A interpretação de um coeficiente de correlação depende da forma como vai ser utilizado, isto é, a sua utilidade. A sua interpretação é em termos de significância estatística. Diz-se que há significância estatística quando um determinado, sendo diferente de zero, reflecte uma verdadeira relação com um nível que representa a probabilidade com que a hipótese experimental possa ser aceite ou rejeitada ou aceite com confiança. Para determinar a significância estatística é necessário construir uma tabela de variância do coeficiente. Quando se estuda a totalidade dos elementos de uma população, o valor da correlação representa o grau de associação entre as variáveis consideradas, quer seja alto o baixo. As previsões são feitas baseando-se em coeficientes de correlação, quanto mais alta a correlação melhor previsão se pode fazer. O estabelecimento de uma correlação entre duas variáveis tem utilidade na previsão do valor de uma delas a partir do conhecimento dos valores da outra.

Investigação Experimental

O objectivo da investigação experimental é o estabelecimento de relações causa-efeito. O método experimental é descrito como aquele que é conduzido para rejeitar ou aceitar hipóteses relativas a relações de causa-efeito entre variáveis. O investigador manipula pelo menos uma variável independente e outras variáveis dependentes. Esta manipulação é a principal característica da investigação experimental. A variável dependente é a mudança ou diferença resultante da manipulação da variável independente. A variável dependente deverá poder ser medida.

As etapas da investigação experimental são basicamente as mesmas de outros tipos de investigação: definição de um problema, selecção de sujeitos e instrumentos de medida, escolha de um plano experimental, execução de procedimentos, análise dos dados recolhidos e formulações de conclusões. A experimentação é conduzida de modo a verificar uma ou mais hipóteses previamente definidas, que são verificadas ou aceites ou rejeitadas de acordo com os resultados da investigação.

Um plano experimental normalmente compreende dois grupos, o grupo experimental e o grupo de controle, no entanto, pode haver um só grupo. Ao grupo experimental será dado o tratamento daquilo que se quer medir, enquanto o grupo de controle não será administrado qualquer tratamento. No final do estudo pode-se retirar conclusões comparando o ponto de chegada dos dois grupos, o da experiência e o de controlo. Podendo referir-se que a diferença de comportamento da variável dependente se deveu à manipulação das variável independente. Só pode ser generalizado se tiver validade interna a investigação. Este controle é igualmente necessário para que se possam fazer generalizações.

O controlo das variáveis e a validade da investigação pode fazer-se através de planos factoriais. Estes permitem investigar uma ou mais variáveis, individualmente ou em interacção umas com as outras. Após uma variável ter sido estudada utilizando um plano com uma só variável, torna-se muitas vezes útil estudá-la em combinação com uma ou mais variáveis. Dado estes planos factoriais compreenderem uma ou mais variáveis, há um número quase infinito destes planos.

Outro processo semelhante de correlação entre variáveis é estudado pela investigação causal-comparativa. Um investigador tenta estabelecer relações de causa- efeito procedendo à comparação dos grupos. As diferenças residem no facto de na investigação experimental a variável independente (a causa) é manipulada e na investigação causal- comparativa não o é, porque já ocorreu. O investigador depois de observar que determinados grupos diferem relativamente a uma ou várias variáveis, procura investigar qual o factor ou factores que provocaram essa ou essas diferenças. Designa-se esta investigação por pos-facto, porque a causa e o efeito já ocorreram e são estudados em rectrospectiva.
Esta metodologia é muito utilizada em estudos de carácter sociológico ou educacional. As variáveis independentes num estudo causal comparativo são variáveis que não podem e não devem ser manipuladas.
Este tipo de estudo apresenta como desvantagem o não poder haver controlo e manipulação de variáveis independentes. As conclusões devem ser cuidadosas porque o que pode aparecer como causa, pode não o ser na realidade. As relações causa-efeito são ténues, não podendo haver correlações como no caso dos estudos experimentais, onde mais facilmente se manipulam variáveis.
Uns dos tratamentos estatísticos usados são a covariância e para as análises são muito utilizadas as medidas de tendência central, como a média, o desvio padrão e a mediana, além de outros. O tratamento de dados inclui frequentemente tabelas e gráficos para facilitar as investigações exploratórias dos dados e continuar o processo de verificação. As ferramentas informáticas oferecem tratamentos estatísticos através de gráficos que ajudam os investigadores a uma melhor leitura, validação e compreensão de dados recolhidos e tratados na investigação realizada.

Arquivo de dados e realização de ficheiros de dados

Os dados e programas a partir de um projecto de investigação devem ser arquivados de modo a que permaneçam seguros e possam ser reequacionados posteriormente.
Embora a cópia de dados de arquivo se faça no final da investigação, a forma como as informações serão transferidas para o arquivo deve ser cuidadosamente feito desde o início. O arquivo é mais do que um local de armazenamento permanente de arquivos usados para a análise. Ela deve dar acesso a todas as informações a partir da experiência ou projecto. Durante a fase operacional do projecto, as informações sobre a pesquisa é, em parte, o computador, em parte, do papel e outros registos.


Carmo, H. e Ferreira, M. (2008). Metodologia da investigação Guia para a Auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.